Ein(?)Fim!

domingo, 9 de outubro de 2011


E existe mesmo fugir da minha própria cama? Desse estado absurdo de morrendo aos poucos? Dessa aglomeração de sentimentos povoando a minha mente? Desse menino bobíssimo que só sabe chorar por ausências? Dá pra ter alguém, alguma coisa que continue, fique estável e repetidamente na mesma música?

O que restou disso tudo foi o cantinho atrás da porta que é sempre muito pequeno e faz a minha dor ficar maior que o meu tamanho. Eu não sei, só acho que não consigo mais andar enfeitando a vida, ficar pintando sempre que desbota a cor da minha alma. E tentar, a cada segundo, revitalizar as mesmas emoções e viver situações tão parecidas como as de relacionamentos anteriores.

A vida é complicada porque nós criamos a ilusão de que em qualquer canto pode surgir o amor. E quando esse canto aparece, a gente simplesmente vai agarrando e prende e idealiza e sofre sozinho porque a outra metade do mundo sempre quer dar uma conferida lá fora pra ver se não tem coisa melhor.

Essa minha mente pisciana, emotiva e ultrapassada tenta viver uma vida de cinema. Utópica e primitiva. Sempre tentando fugir do frio que dá na barriga e viver a realidade de um sonho. Tenho mania de guardar cheiros e revisitar todos os dias minhas memórias que não falecem nunca. Eu vivo carregando nos bolsos as novidades, porque sempre esqueço que é preciso desocupar o peito, a casa, a mente... O meu impulso emocional é assim. Começo escrevendo sem racionalidade nenhuma e de repente viro a racionalidade em pessoa. Depois de um tempo paro, leio, re-leio e apago tudo. Não consigo gostar de me ver nas linhas. Não consigo me ler, porque de certa forma acabo esquecendo que me lendo eu me encontro e me encontrando eu encontro coisas que não sei se quero encontrar.

Escrever é me guardar num lugar onde nunca me perderei de mim. Porque não é como o meu apartamento alugado, bagunçado onde posso me afugentar das memórias de mais um relacionamento (que deu errado) e ir pra outro. Minhas linhas têm casa própria e diferente das minhas emoções, elas não morrem.

Eu espirro emoções, sentimentos, vontades... É involuntário.

O que me mata é cultivar esperanças de soluções pra uma coisa que é irremediável. Eu não tenho cura. Porque eu sou exatamente o mesmo de sempre, com uma bagagem maior, com feridas maiores, com uma fé maior também. Eu só queria, no meio dessa coisa triste que tem sido a vida, no meio dessa vontade de ser contínuo, no meio de tantas vírgulas, aspas, reticências, alguém pra segurar firme a minha mão dizer que tudo está bem e seguir em frente. E de repente me pedem pra virar muralha, porque exigem demais da minha humanidade. Eu sou de carne e osso. É difícil entender isso? Ainda mais quando tudo no mundo suga um pouco da gente. Algumas coisas quase levam tudo embora... Eu mesmo ando cheio de pedaços soltos pelo mundo. E então você decide que precisa se bastar com o que tem. Você vê TV, navega na internet, lê jornal, tenta um livro, bebe todas ou só caminha por aí, mas esse sentimento de estrago não desiste de ocupar todo o espaço que você tem pra sentir. E de repente fica só esse nó no peito. Essa ausência absurda que não dá pra substituir e milhares de palavras presas na garganta. Como se você tivesse aprendido a ser feliz e de repente se surpreende porque não é mais o que era. Roubaram-te essa felicidade. De repente é você sozinho de novo. De repente tudo vira do avesso e fica só esse vazio que não dá pra modificar. Sua vida continua uma bagunça (e agora na sua solidão tenta reorganizar, reconstruir, refazer, readaptar) e as suas esperanças voltam a ser zero. E te dizem “Você precisa ser forte” “Mas eu não quero ser forte. Eu só quero aquele amor de volta” “Acabou” “Mas pode recomeçar, não pode?” “Não”. E acima de todas as esperas, de todas as vontades, de todas as esperanças há algo de racional que diz: Acredite, você supera. Você pode. E de repente você olha trezentas vezes pro seu celular esperando uma sms que você sabe que não vai chegar.

Enfim, você cansou. Sozinho. E eu fiquei parado na estação vendo no reflexo dos meus olhos (quase chovendo) você indo embora. É que você me permitia acreditar que tudo daria certo. E agora como é que se faz pra acreditar sozinho? Só eu sei o tamanho da dor que dá sentir esses espaços que você deixa por todo canto de mim. E de repente você se vê e não enxerga nada do que você costumava encontrar em si.

Se ele me visse agora, tão patético, ridículo, chorando até quando olho pra geladeira tão vazia e me vendo nela. Zumbi, neurótico, psicótico em palavras escrevendo textos para blogs às seis da manhã enquanto me agarro ao telefone esperando qualquer sinal que me tire ao menos um sorriso... um motivo pra dizer "bom dia".

Angus Cailleach



5 comentários:

  1. Texto periculosamente pessoal. Frases soltas. Falta de nexo. Uma micro-auto-biografia-momentânea. Não espero que gostem e não espero que leiam. Depois de escrevê-lo decidi para de esperar. Pessoas, atitutes, palavras, não espero mais nada de ninguém. 1,2,3...

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  2. Lindo texto. Amei o blog, o design é super bem feito e os textos são lindos. Poderia visitar o meu e se gostar seguir. Obrigada.

    garotadeallstar.tk

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  3. Você não espera que leiam ou que gostem, mas li e gostei. Não sei se só eu, mas seu texto teve um pouco de Caio Fernando Abreu. Achei parecida com a forma que Caio narrava seus pensamentos. Talvez eu esteja maluca, mas me lembrou. Sério.
    Eu até hoje não acredito no amor e talvez isso me poupe de tanto sofrimento, que vejo muitas pessoas falarem. Mas também há muitas que falam coisas boas.
    Como diria Caio Fernando Abreu: que seja doce. Beijos
    http://certinha.blogspot.com/

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  4. Sou pisciana, e me enxerguei no seu texto, também espirro emoções, as vezes me pergunto porque tudo isso acontece, não quero passar tantas horas da minha vida que já é curta sofrendo, esperando que alguem me dê motivos para o MEU dia ser bom

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  5. Não sou pisciana, sou leonina, mas me identifiquei muito com o texto, que por sinal é lindo! Parabéns ao escritor, grande talento! Amei o blog e os textos!!

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