Ilusões em minha mente

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Mudança. Eis uma palavra que nunca teve forte significado para mim.

Acordei ao som de Airplanes, jogando “eu realmente poderia usar um desejo agora” em minha cara. Fechei os olhos: eu sabia qual era o único desejo que tinha no momento.

Deixei minha mente viajar, tentando me imaginar não sendo como sou. Apareceu um rosto, não exatamente o meu, e percebi como minha ilusão era fraca. Eu sabia que estava diferente: minha expressão não era a mesma que via, todos os dias, no espelho. Parecia confiante, sem medo, assim como meu desejo de ser. Externamente, eu também mudara: meu cabelo estava maior, como sempre o quis, e bonito, bem tratado. Minhas roupas eram lindas, e até olhando, por fora, invejei. Percebi que não era a única e me supreendi: estava rodeada de pessoas, rindo de algo que eu falara. E eu sabia que provocara aquilo: era minha imaginação, minhas regras.

Abri os olhos, expulsando todos os pensamentos de minha cabeça. Eu não poderia me trair: eu era outra pessoa, totalmente o contrário de minha pequena ilusão.

Tentei repassar minha vida: ela não tinha nada demais. Sempre fora a garotinha do canto, de óculos e cheinha, sem muitos amigos: sempre fora a excluída. Eu aprendera a viver com aquilo, não? Talvez. Não me parece muito comum lidar com a solidão agora.

Olhei à minha volta: desejei ter um quarto diferente, com umas 5 amigas – então reparei que não consegui pensar em ninguém – fofocando sobre a garota fútil da escola. Ri com minha imaginação e sentei na cama, bagunçando o cabelo.

Minha reflexão continuou: qualquer coisa que eu tentasse ser, sem realmente fazer parte de mim, seria uma traição propriamente dita. A mais imperdoável; a traição à mim mesma. Era inútil querer ser algo que não podia, que não fazia parte de mim.

Lembrei de como era sortuda: tinha os melhores pais do mundo, compreensivos, carinhosos e que me apoiavam. Imaginei como eles seriam se eu fosse mais rebelde, livre e confiante. Não consegui. Para mim, eles sempre seriam assim, e mudá-los também, era errado.

E meus amigos? Mesmo sendo poucos, eu os amava. Mas, eles aceitariam, de coração, a minha mudança? E se eu os perdesse? Eu conviveria, de bom grado, com a consciência pesada por deixá-los ir?

Levantei da cama, consciente de que nada que eu imaginasse poderia ser real. Eu nascera assim, e qualquer mudança seria consequência de amadurecimento. Eu aprendera a ser assim, a pensar o que penso e sentir o que sinto. Ter outra vida, seria o máximo: mas não seria eu.

Eu queria mudar, mas por mais que eu quisesse aquilo, eu não poderia me arriscar.

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